História dos Balões — Balões para monitoramento e sensoriamento

Zenith Aerospace
3 min readMay 6, 2021

O uso de balões para realizar o monitoramento de uma área remete aos tempos da Guerra Civil Americana (1861–1865), e que, posteriormente, serviu para dar vantagem estratégica para o lado brasileiro na Guerra do Paraguai (1864–1870), quando o então Marquês de Caxias importou a ideia dos americanos, trazendo dois balões que, presos ao solo a uma altura de cerca de 140 metros, serviam como postos de observação, permitindo, assim, um ponto privilegiado de observação e o traço antecipado de estratégias mais efetivas para realizar os ataques. Quando souberam, os paraguaios levantavam fumaça buscando ofuscar os pontos de monitoramento dos brasileiros e tirar a desvantagem.

Ilustração de um balão utilizado para observação na Guerra do Paraguai

Este método de monitoramento foi recentemente trazido à tona novamente, devido à demanda por uma tecnologia que permitisse a observação em tempo real para o controle dos mais diversos eventos a custo baixo. Deste modo, no começo da década de 2010, com as sucessivas pacificações das favelas cariocas, o uso dos balões pela polícia militar foi cotado para o monitoramento das UPPs (unidade de polícia pacificadora) e de sua área de atuação, descartando, dessa forma, o eventual uso de helicópteros para a realização desta tarefa.

Com o mesmo objetivo, estes balões cativos (presos ao solo) se tornaram alternativas muito atraentes para grandes eventos que necessitavam de uma segurança reforçada. Flutuando a cerca de 150 metros de altitude, a ideia foi ganhando espaço com uma amostra durante a final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha no Maracanã em 2013, e se consolidou com seu uso nos quatro parques olímpicos nas Olimpíadas Rio 2016. Assim, os balões passaram a ser uma ótima opção para a segurança de grandes festas em geral, podendo ficar 10 dias seguidos no ar preso a um guincho ou no próprio veículo, tendo fácil controle de altitude e posição.

Balão da empresa Altave utilizado para o monitoramento de eventos

Uma outra área de utilização dos balões para monitoramento é a agricultura, ramo em que cada vez mais a tecnologia está sendo inserida buscando potencializar a produtividade. No campo agrícola, os balões são usados para trazer a conexão de internet à lavoura, que muitas vezes está em uma localidade fora da cobertura móvel de sinal, e que pode ser obtida pela altitude que o balão pode atingir. Essa função torna-se muito importante para a melhoria da comunicação dos produtores, além de suprir a necessidade de conexão das modernas máquinas agrícolas, e, de modo geral, integrar toda a cadeia produtiva.

Mas as aplicações na agricultura não param por aí: junto com o balão, câmeras podem ser inseridas na carga paga (payload), fornecendo um monitoramento integral da área plantada, alertando para possíveis focos de incêndio, por exemplo. Além disso, algumas aplicações, ainda não alcançadas na prática, mas que logo deverão figurar no cenário tecnológico, são o uso contínuo, por meses, do balão para controlar toda a evolução de uma cultura plantada, podendo analisar o crescimento das plantas, o desempenho das máquinas agrícolas na plantação e na colheita e muito mais. Espera-se que um único balão seja capaz de monitorar uma área de 50 hectares.

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Zenith Aerospace

Grupo extra-curricular da EESC — USP voltado para o estudo e desenvolvimento de sistemas com aplicação na indústria aeroespacial