História dos Balões — Novas e Futuras Aplicações
Conforme foi ressaltado durante esta série de textos, ficou clara a importância que os balões têm para o estudo, conhecimento, exploração e aproveitamento do espaço aéreo mundial para diversos fins que são essenciais para o desenvolvimento social e da tecnologia. Desde as primeiras experiências com objetos “mais leves que o ar”, foram se abrindo novas possibilidades de aplicações para os balões, e, hodiernamente, isso não é diferente, é um ramo que vem se expandindo nos mais diversificados campos, atraindo a atenção de investidores privados e governamentais.
Para exemplificar e comprovar o que foi supracitado, destacamos o projeto da Airbus, Network for the Sky, que almeja utilizar um balão estratosférico a cerca de 21km de altitude para efetivar comunicações militares em 4G ou 5G, oferecendo uma cobertura de sinal em um raio de 30km. O objetivo do projeto é fazer com que o balão mantenha comunicação com helicópteros e veículos aéreos não tripulados, de forma segura e criptografada, se alinhando, dessa forma, com o desenvolvimento do futuro sistema de combate aéreo europeu. Os primeiros testes já foram realizados no Canadá em 2018 e foram um sucesso.
Em 2020, a NASA anunciou uma missão que consiste na observação do espaço utilizando nada menos que a estratosfera para realizar tal atividade. O projeto consiste no lançamento de um balão estratosférico do tamanho de um estádio de futebol carregando um telescópio (ASTHROS), necessitando de cerca de 40km de altitude (permite a observação mais precisa de faixas luminosas muitas vezes bloqueadas pela atmosfera terrestre) para a realizar o monitoramento e a medição da intensidade e da velocidade dos gases ao redor de estrelas recém formadas, mapeando alguns íons específicos de nitrogênio que revelariam onde regiões de formação estelar se encontram. Planejado para ser lançado em dezembro de 2023 na Antártica, o projeto ambicioso da NASA mostra como os balões servem como uma plataforma eficiente para o que há de mais avançado na tecnologia de monitoramento e comunicação.
Além desses objetivos, os balões também figuram em projetos inovadores e promissores para deter o aquecimento global. Cientistas da Universidade de Harvard, apoiados pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, planejam pulverizar pó de carbonato de cálcio (CaCo3) na atmosfera terrestre com a ajuda de um balão. A iniciativa denominada Experimento Perturbação Estratosférica Controlada, objetiva bloquear certa quantidade dos raios solares que incidem na atmosfera terreste a fim de frear o aquecimento global, controlando de certa forma a escalada da temperatura média do planeta observada nos últimos anos. Vale ressaltar que esse projeto encontra barreiras no debate científico por ser um potencial risco para uma mudança radical no clima terrestre se aplicado definitivamente, ou mesmo pela possível alteração da composição química atmosférica.
Apesar desses pontos de embate, o projeto seria o primeiro da geoengenharia para combater o fenômeno do aquecimento global.
Seguindo a mesma linha de ações da NASA, a Agência Espacial Japonesa (JAXA), também realiza inúmeros testes de experimentos com balões estratosféricos, visando simular de maneira mais realística as condições do espaço sem a necessidade de um lançamento de fato para isso, se mostrando uma alternativa além de viável, muito mais barata.
Indo além e em outro campo de aplicação, uma startup, a Space Perspective, espera poder proporcionar um turismo na estratosfera terrestre. Para isso, o projeto contaria com uma cápsula pressurizada levantada por um balão estratosférico, podendo levar até oito passageiros durante um vôo de 6 horas pela atmosfera, sendo divididos igualmente em 2 horas de subida, 2 horas voando no topo da atmosfera e 2 horas de descida.
Com isso, concluímos que os balões, apesar de à primeira vista parecerem retrógrados, são constantemente incluídos em ambiciosos e inovadores projetos, renovando suas aplicações e sempre abrindo portas para novas.