História dos Balões: Balões Militares
A tecnologia dos balões não era vista apenas como curiosidade. Os Montgolfiers falavam com entusiasmo de como um observador poderia ver o curso de navios a 25 ou mesmo 30 léguas de distância. Jean François Pilatre de Rozier escreveu ao Le Journal de Paris, afirmando que os balões poderiam ser valiosos para observar o movimento de exércitos. Marquês d’Arlandes, capitão de infantaria e copiloto de Rozier em seu primeiro voo, vislumbrava aplicações militares da invenção. Até mesmo Benjamin Franklin, presente nas ascensões dos balões franceses, descreveu a grande importância da invenção para a humanidade e destacou sua aplicabilidade em conflitos militares. Todas essas afirmações atraíram grande interesse para o assunto e motivaram grandes investimentos.
Uma década após o primeiro voo dos Montgolfiers, um balão foi usado oficialmente pela primeira vez como ferramenta militar. Em 2 de abril de 1794, o Comitê de Segurança Pública da França Revolucionária criou a primeira força aérea do mundo. A unidade foi chamada de Compagnie d’Aerostiers. A unidade contava com 26 homens e foi capaz de lançar um balão pela primeira vez na história da guerra em junho de 1794, em um combate de fronteira com os austríacos, no Cerco de Maubeuge. Em junho do mesmo ano, o balão foi usado no Cerco de Charleroi e três dias depois foi usado na famosa Batalha de Fleurus.
Paralelamente, Charles aperfeiçoava os princípios da aeronavegação, desenvolvendo lastros, válvulas de gás e redes para envolver o envelope de flutuação de seus balões a gás. Ele trabalhou junto com Antoine Lavoisier e Guyton Morveau para desenvolver geradores de hidrogênio portáteis que pudessem ser usados no campo de batalha. Devido à escassez de enxofre na França, uma vez que era necessário para a fabricação de pólvora, eles não podiam usar ácido sulfúrico e zinco. Assim, Lavoisier planejou um sistema para gerar hidrogênio passando vapor sobre o ferro em brasa.
Em junho de 1794, uma segunda unidade da Compagnie d’Aerostiers foi formada e em outubro do mesmo ano foi fundada a primeira escola aeronáutica militar. Assim, o balão e a guerra agora tinham um futuro definido e seus destinos estariam interligados por vários séculos.
No Cerco de Veneza, em 1849, o austríaco Franz von Uchatius projetou balões de ar quente não tripulados que carregavam bombas de 15 kg, como uma forma de atacar a cidade. A ideia era soltar os balões para serem levados pelo vento até a cidade em um tempo pré-calculado, para então liberar a bomba sobre o local. Os dois ataques feitos com esses balões fracassaram, mas o bombardeio representou dois marcos importantes: foi o primeiro uso de drones (aeronaves não tripuladas) e o primeiro bombardeio aéreo da história. Essa modalidade de balões é chamada, atualmente, de balões incendiários.
Na Guerra Civil dos Estados Unidos, em 1861, um balão subiu 150 metros e se comunicou com a terra por meio de telégrafo. Esse é considerado o primeiro registro do uso de telecomunicações na aeronáutica. O uso dos balões pelos norte-americanos teve uma série de aspectos inovadores, como o emprego de telégrafo para comunicação, a adoção de carroças especializadas na produção de hidrogênio a partir de ácido sulfúrico e, mais importante, o uso dos aeróstatos para fazer a correção da pontaria da artilharia, tudo muito avançado para a época.
A Primeira Guerra Mundial foi o apogeu dos balões. A artilharia havia se desenvolvido a ponto de ser capaz de atingir alvos além do alcance visual de um observador terrestre. Posicionar observadores de artilharia em balões, geralmente alguns quilômetros atrás das linhas de frente e em altitude, permitiu-lhes ver os alvos a um alcance maior do que no solo. Isso permitiu que a artilharia aproveitasse seu maior alcance. Normalmente, os balões eram amarrados com um cabo de aço a um guincho, que o segurava na altura desejada e o abaixava após completar a tarefa.
Devido à importância dos balões de observação, eles eram alvos de canhões antiaéreos, aviões de serviço e grupos de metralhadoras quando voavam em baixa altitude. Atacar o balão era uma tarefa arriscada, mas alguns pilotos ousaram fazê-lo.
Os balões foram os primeiros mecanismos usados na guerra aérea e, sem dúvidas, possibilitaram o desenvolvimento de diversas tecnologias modernas. No período pós-guerra, explorou-se diversas outras funcionalidades desses aeróstatos para o benefício da sociedade.
O grupo Zenith Aerospace reúne o que tem de mais valioso nas tecnologias produzidas ao longo da história da aeronavegação. Sistemas de telecomunicações que antes eram usados para observação de exércitos inimigos, hoje permitem conectar pessoas ao redor do mundo. Balões que antes carregavam bombas capazes de destruir cidades inteiras, hoje são ferramentas de estudo das transformações do nosso planeta. Hoje, a criatividade para criar armas foi substituída pelo progresso científico e pelo desejo de capacitar os futuros líderes do setor aeroespacial.